terça-feira, 2 de novembro de 2010

Tema: O TRABALHO COM CANTINHOS






APRESENTAÇÃO
O trabalho na educação infantil demanda muita criatividade, energia, vontade de fazer, flexibilidade por parte do professor, pois as crianças dessa faixa etária geralmente são ativas, curiosas, falantes, cheias de vida.
Ao me deparar com a realidade das escolas de Educação Infantil, fiquei um pouco decepcionada e frustrada, pois percebi a grande dificuldade que vários colegas de trabalho apresentavam com relação à metodologia, à execução e desenrolar do trabalho pedagógico com as crianças, pois grande parte deles realizava excelentes planejamentos que nem sempre alcançavam os objetivos propostos, pois não levavam em consideração as especificidades que essa faixa etária apresenta, pensando em crianças estáticas, disciplinadas, robóticas, que aprendem todas ao mesmo tempo, da mesma forma, homogeneamente e isso tudo me afetava, pois o planejamento é feito coletivamente por fases e para finalizar, a organização do mobiliário, dos materiais das salas não facilitavam o trabalho nem ao professor, nem às próprias crianças.
“...ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” ( FREIRE , 1996, p. 52).”

Numa das Reuniões de HTPC, a coordenadora ofereceu a oportunidade aos professores de compartilharem com o coletivo as experiências anteriores com a Educação Infantil, para que as colegas pudessem visualizar, refletir, comparar e até mesmo buscar mais informações através de pesquisas a respeito do trabalho com oficinas, ou seja, os cantinhos fixos. Foi minha grande chance de “contaminar” as colegas com o maravilhoso e rico mundo dos cantinhos no cotidiano da Educação Infantil.


ENVOLVIDOS
A experiência envolveu toda a equipe escolar, desde a gestão com a coordenadora e diretora, passando pelas professoras da U.E. que conheceram um pouco do trabalho através do cotidiano, os pais que perceberam e comentaram em reuniões sobre a evolução de seus filhos, os alunos e até os funcionários, que também fazem parte do processo, pois com certeza seu trabalho ficou “diferente” após a prática do trabalho com “cantinhos”. Ao todo, foram 25 crianças do período da manhã, com a Professora Eunice, que se encantou e com a maior vontade foi minha parceira de trabalho, pois dividimos a mesma sala em períodos contrários e 25 crianças do período da tarde, que acredito, foram beneficiados com o trabalho em questão.

OBJETIVO GERAL DA EXPERIÊNCIA
- Propiciar uma alternativa metodológica válida na busca de soluções para a execução do trabalho pedagógico na Educação Infantil, que tenha como finalidade, a autonomia, cooperação e desenvolvimento de habilidades.


DESCRIÇÃO DETALHADA DA EXPERIÊNCIA
  - Embasamento teórico
Ao almejar mudanças na concepção de ensino e aprendizagem e, conseqüentemente, na postura dos professores,  o trabalho com cantinhos não deve ser visto como uma opção puramente metodológica, mas como uma maneira de repensar a função da escola, favorecendo o desenvolvimento cognitivo, afetivo, cultural e social dos alunos.
Sendo assim, na  busca de uma prática pedagógica realmente eficaz, que atenda todas as expectativas de aprendizagem e desenvolvimento de nossas crianças, foram realizadas pesquisas, leituras, experimentos, troca de  informações, materiais, reflexões, e pude concluir que  não existe receita, mas sim, a vontade e a ação, que em conjunto, podem fazer a diferença.
Nesses estudos, relacionei as idéias, filosofias e metodologias de alguns estudiosos e à partir deles, desenvolvi  minha própria crença, minha prática.
Para Piaget, o conhecimento é construído pelo sujeito, no contexto das interações com outras pessoas e/ou objetos. Isto significa que a escola deve propiciar situações que favoreçam a experimentação, a reflexão e a descoberta.

Fernando Hernández, propõe um trabalho por projetos que permite que o aluno aprenda-fazendo e reconheça a sua autoria naquilo que produz. No projeto, a criança explora, aplica, busca, interpreta informações e tem a oportunidade de recontextualizar aquilo que aprendeu, estabelecer relações significativas entre os conhecimentos, ampliando o seu universo de aprendizagem.
Vygotsky aponta que o educador deve agir como mediador na zona de desenvolvimento proximal , momento em que a criança evolui em relação ao seu conhecimento real atingindo então, a zona de desenvolvimento potencial. Num momento posterior, a criança evolui novamente e o que era potencial, passa a ser real.
Para fazer a mediação pedagógica, o professor precisa acompanhar o processo de aprendizagem do aluno, ou seja, entender seu caminho, seu universo cognitivo e afetivo, bem como sua cultura, história e contexto de vida.



Para Freinet, a realidade educacional não pode ser dissociada da sociedade em que esta está inserida. A consciência deste vínculo entre escola e meio, além de possibilitar o êxito da educação, favorece o surgimento de algumas das condições necessárias à transformação da sociedade como, por exemplo, a compreensão da realidade e a prática cooperativa e democrática.
A maioria das atividades respeita o conteúdo curricular, que possui objetivos bem claros. O planejamento, no entanto, é flexível, se moldando de acordo com a motivação da turma. A maneira e a época em que os conteúdos serão introduzidos são estipulados de acordo com os interesses do grupo, mas os objetivos do professor são rigorosos. Os conteúdos são trabalhados dentro dos Projetos de trabalho, que podem partir tanto do interesse do grupo, como ser proposto pelo professor, de forma estimulante, que atenda às necessidades do grupo, da escola ou da comunidade.
Freinet não despreza os objetivos que cada ano letivo possui, somente é flexível quanto à forma como estes serão introduzidos e desenvolvidos.
Após este breve levantamento de idéias e concepções, podemos relacionar o trabalho prático à teoria citada.

Ø Desenvolvimento
Num primeiro momento, é necessário explicitar o papel do educador nesta experiência: contribuir para o desenvolvimento de cidadãos para uma sociedade verdadeiramente democrática. Assim, aprende-se democracia, praticando a vida em sociedade e para ser cidadão, é necessário ser livre e autônomo. Para se obter autonomia, é necessário liberdade de escolhas, mas uma liberdade contextualizada, que a própria criança ajuda a construir.
Seguindo essa filosofia, foi necessário o planejamento da organização do mobiliário da sala em que as crianças seriam recebidas e que posteriormente, concretizariam seus planos de ação. Nessa primeira etapa, foi primordial o interesse, envolvimento, trocas de experiências e principalmente, a cooperação entre as professoras envolvidas e gestão escolar.
A sala foi organizada de forma que as especificidades e individualidades das crianças fossem respeitadas, propiciando autonomia e cooperação, dividindo os espaços em oficinas de trabalho, que funcionam ao mesmo tempo, atendendo à escolha das crianças. Em cada oficina, ou “cantinho fixo”, estão dispostos os materiais e equipamentos necessários para a realização de cada atividade. Dessa forma, assim que cada criança termine uma atividade, pode procurar outro cantinho que haja lugar disponível para continuar suas experiências. Se por acaso o cantinho que ela escolher estiver ocupado, ela deverá esperar, para compreender que “nem sempre fazemos o que queremos e sim sempre queremos o que fazemos”.
Ao final do tempo disponibilizado para o trabalho nos cantinhos, cada criança organiza o material utilizado nos locais combinados, responsabilizando-se também pela limpeza do espaço utilizado.
As atividades nos cantinhos propiciam o tateio com diferentes tipos de materiais, mas devem ser planejados previamente e a postura do educador deve ser a de mediador, intervindo sempre que necessário orientando nas dúvidas e cooperando na reconstrução de conhecimentos.
Antes de iniciar o trabalho num determinado cantinho, foram dadas explicações para as crianças sobre as regras do mesmo, inclusive sobre o número máximo de participantes de cada vez, estabelecendo assim, as regras de bom funcionamento do trabalho, evitando estragos e ou desentendimentos.
Cantinhos desenvolvidos:

 


- DESENHO: com disponibilidade de papéis e lápis diversos, canetinhas, giz de cera. (cabem 6 crianças)





- PINTURA: papel, cartolina, jornal, papelão, caixas, tinta, pincéis, “trapos”. (cabem 4 crianças)
- RECORTE E COLAGEM: tesoura, cola, papéis de diferentes formas e tamanhos, materiais recicláveis, tecidos, revistas, palitos, sementes, areia colorida, macarrão, etc.(cabem 4 crianças)

 


- MODELAGEM: massinha para modelar industrializada ou caseira, argila, palitos de sorvete, forminhas. (4 crianças)






- BIBLIOTECA: livros de histórias, de poesias, gibis, revistas, pôsteres, LIVRO DA VIDA, álbuns. (2 crianças)
- CASINHA: bonecas, panelas, pratos, talheres, fantasias, móveis, bolsas. (3 crianças)
- JOGO DE CHÃO: tapete em E.V.A.  para proteção e delimitação do espaço e jogos de encaixe, construção, “LEGO”, animais em miniatura, carrinhos em miniatura.(3 crianças)
- JOGOS DE MESA: Memória, quebra-cabeça, dominó, tabuleiro.(4 crianças)

 


- COMPUTADOR: Computador (Kidsmart).(2 crianças)





Também foi pensada uma organização para os trabalhos individuais das crianças que facilitasse o trabalho do professor e ao mesmo tempo propiciasse a autonomia e a individualidade de cada um: construímos um escaninho com caixas de arquivo, identificadas com nome e foto do rosto de cada criança, onde dispusemos as pastas de trabalhos, para que após avaliação dos mesmos as crianças pudessem guardá-los corretamente.
 O trabalho com cantinhos deve ser significativo, propício ao desenvolvimento de habilidades e ser a ferramenta da execução do(s) Projeto(s) de sala, de fase, da escola ou da Secretaria da Educação.
Após a organização do espaço, planejou-se a organização do tempo, de acordo com a rotina pré-estabelecida pela realidade da U.E., distribuindo durante a semana e nos diversos momentos do dia, as atividades coletivas, as atividades de cantinhos, as atividades extra-classe e as atividades de rotina (higiene e alimentação).
Para o trabalho no início da Educação Infantil é interessante utilizar um quadro ou varal com fotografias das próprias crianças durante a rotina, para que elas visualizem, compreendam e sintam-se seguras de que existe um início, um desenrolar e um final do dia, que a família trás, mas retorna para buscá-lo e mais adiante, começam a relacionar o dia da semana às atividades que serão desenvolvidas.
É importante lembrar que a expressão livre das crianças é um momento coletivo de conversa, para que elas possam exprimir o que lhes interessam, o que as preocupam, suas alegrias, tristezas, medos, realidades e fantasias. Esses temas de vida,  podem ser escritos no Livro da Vida, para construirmos e registrarmos nossa história, percebendo uma das funções da escrita. Também registramos canções, poesias prediletas, passeios e eventos realizados na escola. Até nossas novas descobertas são merecedoras de ficarem registradas e é claro, com a ilustração das crianças.
São nesses momentos de Roda da Conversa, que o grupo se reconhece e observa a quantidade de meninos e meninas  que estão presentes e ausentes, os ajudantes do dia se identificam, observando a ordem alfabética dos nomes, identificam as iniciais e os nomes dos colegas, localizam-se no calendário, dias de aniversário, passeio, exposições de trabalhos... Também podem surgir reclamações e críticas, abrindo a discussão para as regras de vida, delimitando o que pode e o que não pode, garantindo o respeito ao outro e uma convivência em grupo harmoniosa.
É na roda que são combinados o planejamento do dia, o início ou a avaliação de algum projeto finalizado, que apresentamos as novidades, jogos diferentes e regrinhas de uso, aprendemos uma nova canção ou ouvimos uma arrepiante história de fantasma contada pela professora.
Outros momentos do dia, são dedicados às atividades extra-classe, como parque, casinha da boneca, pátio, estacionamento, tanque de areia, sala de leitura, que fazem parte da rotina e do planejamento.

RESULTADOS E AVALIAÇÃO
Através dessa filosofia e organização de trabalho pedagógico, verificamos que muito colaboramos para a aprendizagem e desenvolvimento de nossas crianças, principalmente as crianças com necessidades especiais, que realmente estão incluídas e fazem parte do grupo.
Também foram observadas mudanças positivas nas ações e posturas de colegas de trabalho ao compartilharem seus medos, dúvidas e ás vezes a incerteza de um “achismo” que nunca obteve resultado positivo.
O resultado do  trabalho, foi a formação de um grupo de crianças críticas, cooperativas, responsáveis, questionadoras, autônomas, disciplinadas, cuidadosas, afetuosas...
 As famílias e comunidade escolar foram envolvidas em nossos grandes projetos, participando e prestigiando os eventos.
 Nós, educadoras, crescemos individual, intelecto e emocionalmente, pois aprendemos a buscar, a ouvir, a dialogar, a compartilhar, a dividir, a experimentar, a refletir e recriar. Esse é o verdadeiro sentido da Educação.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cabe à escola e ao professor, preparar o aluno para o contato com a sociedade, proporcionando-lhe estímulos, referências e possibilidades para a compreensão do mundo que o rodeia, para que tenham atitudes responsáveis e conscientes para a transformação da realidade. Assim o trabalho com projetos em cantinhos fixos, possibilita a diversificação de ações e vivências, explorando atitudes e desenvolvendo competências. Proporciona elaborações de pesquisas, comprovação de hipóteses, resolução de problemas, cooperatividade, o tateio experimental, enfim a aprendizagem significativa. Para a realização do trabalho cooperativo e autônomo das crianças, foi necessário um planejamento prévio que definisse a organização do espaço, do tempo, dos materiais, do tema a ser desenvolvido, o levantamento de problematização, estabelecimento de objetivos a serem alcançados, conteúdos necessários para o tratamento do problema, estratégias desenvolvidas, finalização. Porém, todo o trabalho pedagógico presume a reflexão e para esta, um registro. É necessário a criação de hábitos de escrita, pois escrever proporciona autoconhecimento e gera conhecimento. Para isto, utilizamos nosso diário. Para um efetivo trabalho colaborativo com projetos é importante deixarmos nossa marca.

ANETE TATIANA DE SOUZA MAION

RELATO DE ATIVIDADE 2ª FORMAÇÃO DO PROGRAMA DE ENSINO SISTEMATIZADO DE CIÊNCIAS (PESC)

 



ATIVIDADES  DESENVOLVIDAS
 
Jogo de tabuleiro (PESC) coletivo “Trilha ecológica”, reprodução do jogo em tamanho gigante para melhor aproveitamento do conteúdo, coleta seletiva de materiais recicláveis, reaproveitamento dos materiais recicláveis confeccionando brinquedos, produção de informativo para conscientização da comunidade, pesquisas, leituras de histórias e poesias, vídeos, músicas sobre o tema, atividades de recorte, colagem desenho, pintura e modelagem e experiências práticas com a água

OBJETIVOS
Desenvolver a consciência crítica em relação à natureza, aguçar a questão da preservação, intimamente ligada à continuação da vida, bem como desenvolver atitudes que promovam o respeito, o cuidado e a preservação do meio ambiente.



- Estimular o cuidado com a natureza;
- Conscientizar-se quanto a importância de se preservar o meio ambiente em que se vive e os recursos da natureza, viabilizando uma prática de vida cotidiana mais saudável;
- Valorização de atitudes de manifestação e preservação dos espaços coletivos e do meio ambiente;





  

- Ter contato com materiais de origem reciclável despertando a criatividade e o reaproveitamento do mesmo;





-Identificar a importância da água para os seres vivos e adquirir atitudes de economia dos recursos naturais;
- Preocupar-se com o lixo e com o esgoto, evitando poluir, degradar, desmatar e agredir.

PÚBLICO-ALVO
Crianças da Educação infantil de 4 a 5 anos.

CONTEÚDOS
- Valorização de atitudes de manutenção e preservação dos espaços coletivos e do meio ambiente;
- Lixo orgânico, materiais recicláveis, reutilização, reciclagem, redução, não desperdício de materiais e de alimentos;
- Água: ciclo na natureza, sua importância para os seres vivos, poluição, não desperdício.
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METODOLOGIA
O projeto será iniciado a partir de perguntas instigantes a respeito do tema na roda da conversa, fazendo com que as crianças pensem e reflitam sobre o assunto, valorizando e aproveitando os conhecimentos prévios de cada um.
Em seguida serão utilizadas diferentes estratégias de busca de informações, como o acesso a livros, revistas, jornais, informativos, vídeos e experiências diretas sobre o assunto.
Todo o processo será registrado no Livro da Vida pela professora, onde as crianças poderão colocar suas hipóteses e conhecimentos em construção sobre o projeto.
Será desenvolvido oficina de construção de objetos e brinquedos com materiais recicláveis, a construção de um terrário, registro de todo o conhecimento adquirido através de desenhos e pinturas e para a finalização do projeto, construção de um informativo sobre a preservação do 
meio ambiente e exposição de trabalhos sobre o projeto.  


AVALIAÇÃO
O projeto será avaliado através do envolvimento e participação das crianças, bem como através das atitudes e falas que demonstrem os conhecimentos trabalhados, havendo a possibilidade de reflexão sobre a ação pedagógica e reorganização do processo.
Ao final, a expectativa é a de que o projeto tenha contribuído para a promoção de atitudes para a melhoria das relações com a natureza e para a formação individual e  integral de cada criança como ser que faz parte da natureza  e que também é responsável por sua preservação.
O resultado será divulgado na Exposição da água e no blog: prof-tati2009.blogspot.com





REFERÊNCIAS
ü  Fundamentos teóricos, Ciências Naturais e Sociais. – 1.ed.São Paulo. DCL, 2006 (Coleção Novos caminhos. Aline Correa de Souza).
ü  A gotinha Plim Plim.
ü  Ética ambiental e cidadania. coleção Meio Ambiente. Belli, Roberto. Ed. Brasileitura
ü  Caderno do professor: Cadê o lixo que estava aqui?.Instituto Estre de responsabilidade socioambiental.
ü  Entre no clima! Uma reflexão sobre o aquecimento da Terra – Material do educador/2008.Fundação ArcelorMittal Brasil.
ü  Filme: Por água abaixo.